
Respiração Bucal x Aprendizagem
Síndrome do Respirador Bucal
A respiração bucal geralmente inicia-se devido à obstrução nasal por alguma alteração orgânica, como hipertrofia de adenóides e de amígdalas, desvio de septo, problemas respiratórios (alergias, rinite, sinusite, bronquite, asma) ou alterações funcionais (falta de aleitamento materno, sucção de chupeta, dedo, postura errada da mamadeira).
Com a boca mantida entreaberta a maior parte do tempo, a musculatura dos lábios, língua e bochechas torna-se flácida. A deglutição fica prejudicada, exigindo da língua movimentos inadequados e até mesmo a fala pode sofrer prejuízos desse desequilíbrio muscular. Todas essas alterações provocam, com o tempo, alterações estruturais no palato (céu da boca) e na arcada dentária e, a longo prazo, podem acarretar prejuízos muitas vezes irrecuperáveis, como alterações musculares e ósseas da face, do tórax e da postura.
Devido ao posicionamento incorreto dos lábios e língua, a passagem do ar pela boca fica comprometida e para melhorar essa passagem, há uma projeção da cabeça para frente, esticando o pescoço e alterando a postura da coluna, conforme mostra a figura ao lado. Quando a cabeça se anterioriza, os ombros ficam caídos, comprimindo o tórax e alterando o ritmo e a capacidade respiratória, deixando a respiração mais rápida e curta, e criando uma deficiência de oxigenação.


Aprenda a identificar um respirador bucal
A respiração bucal é uma síndrome com sinais e sintomas característicos:
- Problemas respiratórios (adenóides, rinite, bronquite,
amigdalite);
- Lábios entreabertos e ressecados com gengivas inflamadas;
- Céu da boca profundo, lábios superiores parecem encurtados, língua baixa;
- Ronco, sono agitado e pesadelos;
- Baba durante o sono (dorme de boca aberta);
- Olheiras e aspecto cansado;
- Irritabilidade por noites mal-dormidas podendo ficar hiperativos ou sonolentos durante o dia;
- Respiração barulhenta;
- Por causa da flacidez na boca e na língua, o processo de mastigação, deglutição e fala também podem ficar comprometidos;
- Come rápido, mastiga pouco, utiliza líquido para auxiliar na hora de engolir e prefere alimentos pastosos;
- Ombros voltados para frente e caídos;
- Abdomem proeminente.
OBSERVAÇÃO: Nem sempre todas essas características estão presentes. Caso haja suspeita de respiração bucal, procure um profissional habilitado para uma avaliação.


Mas o que isso tem a ver com a aprendizagem?
A deficiência de oxigenação cerebral gerada pela síndrome do respirador bucal faz com que o sono não seja reparador, pois é agitado e entrecortado com pesadelos.
É comum essas crianças apresentarem problemas intelectuais, tais como dificuldade de memorização de novos eventos, alterações da capacidade cognitiva e problemas com aprendizado, podendo ser danoso o processo de alfabetização e consequentemente da aquisição da linguagem escrita.
Como o nariz não está funcionando adequadamente, o ouvido passa a não ser arejado como deveria. As funções auditivas de localização, discriminação, reconhecimento e organização ficam prejudicadas, favorecendo a uma certa imaturidade auditiva, impossibilitando ou atravancando o bom desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem.
Há uma diminuição da capacidade de concentração, a criança não consegue prestar atenção na aula e pode apresentar dois tipos de comportamento: inquieto, impaciente e impulsivo ou desatento e sonolento com cansaço e depressão.
O resultado disso é um rendimento muito baixo!
Ainda no ambiente escolar: respirando mal, cansa-se facilmente, não tem disposição para o esporte ou qualquer atividade física e a socialização com outras crianças pode ficar comprometida, gerando sentimentos de angústia e inadequação.
E agora, o que fazer?
Se o seu filho é respirador bucal ele pode sim estar sendo prejudicado em seus estudos pela falta de oxigenação cerebral, do sono reparador que favorece a memorização e facilita a concentração e das alterações na percepção auditiva.
Há tratamento para a respiração bucal!
Um otorrinolaringologista poderá, através de exames específicos, determinar as causas da respiração bucal.
O tratamento proposto poderá ser clínico e/ou cirúrgico, dependendo do caso, e poderá envolver vários profissionais, também dependendo da severidade do problema.
Há que se eliminar a causa da respiração bucal e corrigir, quando necessário, as alterações ósseo-musculares já instaladas.
O tratamento precoce é indicado pois toda alteração que envolve o crescimento e desenvolvimento dos ossos maxilares e arcadas dentárias, tem a tendência de se tornar mais difícil com o passar do tempo.
Um trabalho fonoaudiológico para reabilitação muscular é indispensável, uma vez que não basta voltar a respirar pelo nariz, é necessário corrigir a tonicidade e movimentação da musculatura oro-facial. Essa abordagem pode ocorrer antes, durante ou depois do tratamento médico e/ou ortodôntico.
Para saber mais sobre tratamento fonoaudiológico na reabilitação da musculatura oro-facial,